Rafael Yuste, o homem que decifra o cérebro


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Jornal ‘El País’ traça perfil do neurocientista Rafael Yuste, líder do projeto BRAIN, que receberá mais de US$1,5 bilhão em financiamento para desvendar o funcionamento do cérebro humano.

31 de Janeiro de 2016

 

EL PAÍS – Rafael Yuste nunca vai esquecer aquela noite, em abril de 2013, quando se sentou na frente da TV com Stephanie, sua esposa, e suas duas filhas, em sua casa em Nova York, para ver o discurso do Estado da Nação de Barack Obama. Ficou espantado. De repente, ali estava o presidente norte-americano repetindo palavra por palavra o conteúdo da proposta que ele tinha apresentado à Casa Branca. Parecia quase um plágio da equipe científica presidencial.

Naquela noite começava a tomar forma o projeto que impulsiona, a iniciativa científica mais ambiciosa do Governo que termina nos Estados Unidos, que seria batizada como BRAIN – que em Inglês significa cérebro e é a sigla de Pesquisa do Cérebro através do Avanço de Neurotecnologias Inovadoras.

É preciso obter uma fotografia dinâmica do funcionamento do nosso cérebro para entender melhor como pensamos, como aprendemos e como lembramos. Foi o que disse Obama naquela noite. E é por isso que Yuste luta há anos.

 

Foram mais de três anos desde então e BRAIN é uma realidade que avança. Em 2016 foram alocados 300 milhões de dólares (950 milhões de reais), em 2017 serão 434 milhões de dólares (1,3 bilhão de reais) e, no total, está previsto um investimento de 1,5 bilhão de dólares ao longo de 12 anos. Ainda é preciso ver se o novo inquilino da Casa Branca não vai mudar esses números, mas, sendo uma iniciativa apoiada por republicanos e democratas, nada deveria mudar o rumo já estabelecido, segundo diz o próprio Yuste.

perfil Rafael Yuste

Foto: Alex Iturralde / El País

O impulsionador e atual assessor de BRAIN, projeto que venceu outros relacionados às energias renováveis ou a enviar o homem a Marte, é um madrilenho de 53 anos, nascido em 25 de abril de 1963, criado no bairro de Argüelles, neurobiólogo, médico, admirador do médico Ramón y Cajal e torcedor do Real Madrid. Radicado em Nova York desde 1980, este professor da Universidade de Columbia é um agitador, um pesquisador que não fica quieto, que luta para coordenar os esforços científicos que, no campo do cérebro, estão sendo realizados em todo o mundo. Em dezembro, esteve trabalhando na preparação de um documento, assinado pela primeira linha da pesquisa norte-americana, para que a nova equipe científica da Casa Branca mantenha efetivamente a aposta no cérebro.

A entrevista foi realizada em San Sebastián, na Espanha, onde Yuste esteve no congresso Passion for Knowledge. Vestido em tons de bege, com sua camisa amarela e sua bolsa laranja a tiracolo, é um homem afável, distante do estrelato, apesar de que a prestigiosa revista Nature o considerou em 2012 como um dos cientistas mais influentes no mundo.


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