Presença feminina na Ciência: pesquisadoras do BRAINN em destaque no Portal Unicamp


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Matéria especial do Portal Unicamp sobre a presença feminina em pesquisas científicas destaca os perfis das pesquisadoras Gabriela Castellano e Iscia Lopes Cendes.

21 de fevereiro de 2019  | matéria originalmente publicada no site do PORTAL UNICAMP

As mulheres compõem 33% do quadro de docentes da Unicamp e nos Centros e Núcleos da universidade, elas são maioria em todas as unidades (72,3%), de acordo com informações do Sistema de Indicadores (S-Integra) do DGRH.

Ao longo desta semana trouxemos algumas reflexões sobre o Dia Internacional de Mulheres e Meninas da Ciência que nos permitem celebrar as conquistas já realizadas, mas notar que ainda é preciso acelerar medidas para tornar a carreira científica mais igualitária para a presença feminina.

Dentre as cientistas e engenheiras que conversamos durante a semana compartilhamos um pouco de seu perfil, suas áreas de atuação e breves depoimentos sobre os incentivos que as levaram a optar pela carreira científica. Muitas delas são também mães, eram – ou ainda são – poucas em meio a uma maioria de colegas homens, vivenciaram ou reconhecem tratamentos distintos às mulheres, e hoje estão mais conscientes sobre o papel que desempenham perante seus colegas e estudantes. No início, no decorrer ou no topo da carreira, com gosto, facilidade, influência ou incentivo para a carreira científica, elas escolheram trilhar o caminho científico acadêmico e vão, a seu modo, abrindo o caminho para mudanças de percepção e atitude entre colegas e contribuindo para o aumento da presença feminina na ciência.

 

Gabriela Castellano

Gabriela Castellano é uma das oito docentes do Instituto de Física da Unicamp, livre docente e co-pesquisadora principal do CEPID BRAINN (Brazilian Institute of Neuroscience and Neurotechnology), financiado pela FAPESP. Seu pai é físico e ela sempre teve facilidade para cálculos e abstrações. A escolha pela física foi natural. Durante a graduação, Gabriela não lembra de ter tido professora mulher, “mas na época isso não me incomodava”. Apesar de ser frequentemente a única mulher em meio a inúmeros homens nas salas de aula ou laboratórios, ela afirma nunca ter sido tratada de modo diferente por ser mulher. Durante o concurso para a docência para atuar no novo curso de física-médica da Unicamp, Gabriela era a única candidata mulher e foi aprovada, independentemente de sua gravidez avançada. Sua filha nasceu tão logo saiu sua contratação. A partir daí, Gabriela sofreu os dilemas de tentar equilibrar o desejo de passar mais tempo com a filha e a necessidade de produzir na nova carreira. “Foi bem difícil, um eterno sentimento de culpa [que durou] por 8, 9 anos”, desabafa. “Quando algumas mães dizem que fazem ambos [trabalho e maternidade] e que está tudo bem é uma afronta, é dizer que a gente é incompetente!”

“Quando algumas mães dizem que fazem ambos [trabalho e maternidade] e que está tudo bem é uma afronta, é dizer que a gente é incompetente!”

Gabriela coordena o projeto M.A.F.A.L.D.A (Meninas na químicA, Física e engenhariA para Liderar o Desenvolvimento em ciênciA), do qual mencionamos em notícia e que a tem entusiasmado para o debate sobre a questão de gênero na ciência e para atuar em projetos de extensão, mesmo que não tenham o mesmo peso na carreira como as publicações de artigos científicos. Gabriela avalia que as áreas multidisciplinares atraem mais as mulheres, uma percepção relevante que vale ser investigada. No que diz respeito aos Centros e Núcleos da Unicamp, caracterizados pela pesquisa interdisciplinar, ela tem razão.

 

Iscia Lopes Cendes

Iscia Lopes Cendes é cientista médica, professora titular da Faculdade de Medicina da Unicamp na área de neurogenética. Ela é bolsista Produtividade CNPq nível 1A e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) desde 2015, considerado os mais altos reconhecimentos entre pares em nível nacional. Iscia decidiu ser cientista quando ainda tinha cerca de 8 anos. O gosto pela ciência, conta, veio do pai, que é engenheiro. Embora sua escolha pela medicina não tenha sido surpresa para sua família, o mesmo não era verdadeiro em outros círculos. “Não resta dúvida de que as mulheres são hoje mais incentivadas a seguir a carreira de sua preferência sem se preocupar com modelos pré-estabelecidos”, afirma. Iscia reconhece que a área em que atua é mais feminina, mas conforme se avança em direção ao topo, cai a representatividade. Ela afirma não fazer distinção no tratamento de alunos pelo gênero e busca sempre incentivar todos aqueles que tenham aptidão. “O que procuro mostrar as minhas alunas e alunos é que uma mulher pode ter uma carreira de sucesso sem prejuízo de outros aspectos da vida pessoal, assim como o homem”, enfatiza.

“Não resta dúvida de que as mulheres são hoje mais incentivadas a seguir a carreira de sua preferência sem se preocupar com modelos pré-estabelecidos”

Iscia, como tantas mulheres, admira, desde a infância, Marie Curie por sua “dedicação e sucesso na ciência”, e Rosalind Franklin, injustiçada por não ter dividido o Prêmio Nobel com James Watson e Francis Crick pela descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA. Mas admira Mary-Claire King, professora de Medicina Genômica na Universidade de Washington que identificou o primeiro gene de suscetibilidade ao câncer de mama (BRCA1) em 1994 e lutou contra a patente sobre o teste molecular para a detecção do gene, por considerar que o material genético humano é um patrimônio de toda a humanidade. King foi também uma “grande liderança no uso de testes de DNA para a identificação das crianças raptadas de seus pais, presos políticos, durante a ditadura militar na Argentina”.

 

Confira a matéria completa no site da Unicamp

 


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