Correr torna o cérebro mais ‘conectado’


como a corrida ajuda a moldar o cérebro
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Estudo mostra que cérebro de corredores é mais ‘conectado’ que o de pessoas sedentárias, o que pode ser importante para evitar doenças neurodegenerativas.

23 de Janeiro de 2016

 

Diversos estudos mostram que correr faz bem para a saúde, mas você sabia que esse exercício físico também pode deixar seu cérebro mais conectado?

Esta é a descoberta recente de um grupo de pesquisas que demonstrou que o cérebro de quem corre é ‘moldado’ de maneira diferente do cérebro de pessoas que não praticam exercícios. A descoberta pode ter implicações importantes para a prevenção de doenças neurológicas na velhice.

 

MEDINDO A CONEXÃO CEREBRAL

Pesquisas científicas anteriores mostraram que atividades que exigem controle motor fino – como por exemplo tocar um instrumento musical – ou que requerem coordenação entre os membros e a visão – jogar golfe é um ótimo exemplo disso! –, podem alterar a estrutura e a função do cérebro. Entretanto, uma menor quantidade de trabalhos analisou como um exercício atlético mais repetitivo e que não exige tanta precisão de controle motor – esse é o caso das corridas – afeta nossa mente.

controle cerebral para tocar piano

Atividades que exigem controle motor refinado – por exemplo, tocar piano – também afetam a maneira como o cérebro é ‘conectado’ internamente.

 

“Muitas atividades que as pessoas consideram repetitivas envolvem, na verdade, diversas funções cognitivas – como planejamento e tomada de decisões – que têm efeitos no cérebro”, diz David Raichlen, autor do estudo.

A equipe de Raichlen comparou o resultado de exames de ressonância magnética de um grupo de corredores cross-country com o de pessoas que não haviam participado de atividades atléticas de nenhum tipo por pelo menos um ano. Todos os participantes tinham aproximadamente a mesma idade – entre 18 e 25 anos – e índices de massa corporal e nível educacional semelhantes. Ou seja, a única coisa que os diferenciava era a prática da corrida.

Os exames neurológicos avaliaram a conectividade funcional do cérebro em estado de repouso, isto é, eles mostraram o que estava acontecendo no cérebro dos voluntários enquanto eles estavam acordados, mas sem realizar nenhuma tarefa específica.

Em média, o grupo dos corredores mostrou ter uma maior conectividade – maior número de conexões – dentre diversas áreas do cérebro. Entre elas, os pesquisadores destacam o córtex pré-frontal, responsável por funções cognitivas como planejamento, tomada de decisões e a habilidade de mudar a atenção entre diferentes tarefas.

 

 

CUIDAR DO CÉREBRO DESDE JOVEM PARA UMA VELHICE MAIS SADIA

Embora mais pesquisas ainda sejam necessárias para sabermos se essas diferenças físicas de conexões cerebrais resultam em diferenças cognitivas, os resultados do grupo de Raichlen mostraram de que maneira um exercício físico como correr pode influenciar o cérebro, em especial em jovens adultos.

“Praticar atividades físicas na juventude poderia proporcionar uma maior resistência aos efeitos do envelhecimento?”

“Um dos fatores que motivou essa pesquisa foi o fato de que, recentemente, houve uma proliferação de estudos que mostraram que atividade física pode trazer benefícios para o cérebro, mas a maior parte desses trabalhos foi realizado em adultos mais velhos”, conta Raichlen. “A questão do que está acontecendo no cérebro dos mais jovens não foi explorada em muita profundidade, e ela é importante, pois sabemos que há coisas que você faz ao longo da sua vida que influenciam no que acontece ao longo do seu envelhecimento”.

senhor idoso praticando exercícios

“As regiões do cérebro nas quais vimos maior conectividade nos corredores são áreas que são prejudicadas conforme envelhecemos” diz Gene Alexander, coautor do estudo.

Como a conectividade funcional é frequentemente alterada em idosos, em particular em pacientes de Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas, o que os pesquisadores aprendem sobre o cérebro em jovens pode ajudar a definir novos métodos para retardar o declínio cognitivo relacionado à idade.

“Algumas das questões centrais que esses resultados levantam são: o que estamos vendo em jovens adultos, em termos de diferenças de conectividade, resultará em benefícios na velhice? Praticar atividades físicas na juventude poderia proporcionar uma maior resistência aos efeitos do envelhecimento? ”, questiona o pesquisador.

Independente da resposta, praticar atividades físicas é sempre uma orientação correta, capaz de aprimorar a qualidade de vida de todos. A saúde – e seu cérebro – agradecem cada quilômetro a mais percorrido!

 

Referência Científica
A. Raichlen, P. K. Bharadwaj, M. C. Fitzhugh, et al. Differences in Resting State Functional Connectivity between Young Adult Endurance Athletes and Healthy Controls. Frontiers in Human Neuroscience, 2016; DOI: 10.3389/fnhum.2016.00610

 


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